terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Craques Bianconeri: Paulo Sousa

Paulo Sousa nasceu em Viseu a 30 de Agosto de 1970. Começou a jogar futebol numa pequena equipa da sua cidade natal 'Os Repesenses' e cedo deu nas vistas levando o Benfica a contratá-lo no inicio da década de 80 e foi na Luz que efectuou toda a sua formação. Em 1989 sagrou-se campeão do mundo de sub 20 em Riade pela mão de Carlos Queiroz, embora sem ser titular e actuando na altura como médio ala direito. Eriksson viu nele atributos de centrocampista e na época seguinte lançou-o na equipa principal do Benfica. Pouco tempo depois agarrava a titularidade e não mais a largou. Jogador cerebral, excelente posicionamento, jogava com régua, esquadro e compasso, impondo e distribuindo o ritmo de jogo da equipa. Em 1991 estreou-se na selecção principal portuguesa e da sua passagem pelo Benfica conquistou um campeonato (1991) e uma taça (1993). No Verão quente de 1993 o Benfica viu-se assolado por uma crise financeira e Paulo Sousa com ordenados em atraso rescinde alegando justa causa e assina pelos rivais do Sporting. Em Alvalade realiza uma época fantástica sendo alvo do interesse de alguns dos mais poderosos clubes europeus entre os quais a Roma que oferece 5 milhões de euros pelo seu passe. A Juve, que já em 1992 tinha proposto 3,75 milhões de euros ao Benfica que recusou, subiu a parada para mais de 4 milhões de euros e Paulo Sousa, mesmo perdendo dinheiro, prefere a Juve em detrimento da Roma e chega a Turim no Verão de 1994 como um dos grandes reforços para atacar o scudetto, título que fugia à Juve desde 1986. Sousa chegou, viu e venceu impondo-se de estaca como titular indiscutível relegando para o banco outro reforço de peso, um tal de Didier Deschamps... O novo treinador, Marcello Lippi, colocou em prática um esquema ofensivo, com 3 avançados de classe: Baggio (ou Del Piero), Vialli e Ravanelli que eram extremamente bem servidos pelos médios Conte (ou Marocchi), Di Livio e em especial Paulo Sousa que deixou positivamente o Calcio a seus pés com a sua extraordinária capacidade de passe nomeadamente os passes longos teleguiados. Foi uma época estrondosa para a Juve que venceria o scudetto 9 anos depois e também a Taça de Itália falhando por uma nesga a vitória na Taça UEFA, perdida numa renhida final com o Parma. Paulo Sousa foi eleito o melhor jogador estrangeiro na Série A nessa temporada tendo sido uma das principais figuras do sucesso juventino. No ano seguinte Paulo Sousa começou a ver a sua regularidade colocada em causa com o aparecimento de diversas lesões que o apoquentaram durante grande parte da época. Mesmo assim continuou, sempre que em condições físicas aceitáveis, a ser uma das peças chaves do esquema de Lippi tendo estando em grande destaque na Champions, em especial na meia final no jogo da 2ª mão em Nantes onde apontou um golo. Na final de Roma frente ao Ajax foi titular, não esteve exuberante, mas sim efectivo. A Juve acabou por vencer nos penalties e Paulo Sousa ganhava assim o seu 4º título com a maglia bianconera (já tinha vencido a Supertaça italiana nessa mesma época frente ao Parma) e despedia-se em grande da Juventus, que preocupada com os seus constantes problemas físicos e lesões especialmente num joelho e com Deschamps já adaptado ao Calcio, vendia o seu passe ao Borússia Dortmund. Como bianconero Paulo Sousa conquistou os 4 títulos atrás referidos tendo alinhado em 79 partidas e apontado 2 golos.
No ano seguinte ao serviço dos alemães conquistaria a sua 2ª Champions em final contra a Juventus, feito que lhe soube a vingança como o próprio depois admitiu porque não tinha sido por vontade sua que tinha deixado Turim. As lesões e baixas por problemas físicos eram cada vez mais frequentes e apesar de manter a sua classe perfeitamente intacta era bem menos efectiva a sua presença contínua no 11 do Dortmund tendo saído para o Inter em 1998 depois de conquistar a Bundesliga. Esteve 1 ano e meio em Milão onde nunca se conseguiu impor e em Janeiro de 2000 é cedido por empréstimo ao Parma onde não tem melhor sorte. Liberto do contrato com o Inter é aposta dos gregos do Panathinaikos onde ainda consegue fazer boas exibições especialmente na Champions. Apesar disso, as lesões no joelho não lhe dão descanso e é cada vez mais uma sombra em termos físicos do jogador exuberante que foi, nomeadamente no Sporting e no 1º ano na Juve. Sai de Atenas no Verão de 2001 ficando 6 meses sem clube por opção própria onde tentou por todos os meios recuperar a condição física. No inicio de 2002 assina pelo Espanhol onde permanece até ao final da época sem grande destaque. Após o Mundial 2002 anuncia o final da carreira profissional de futebolista motivada em grande parte pelos problemas físicos, ainda não tinha completado 32 anos...
Foi um dos expoentes máximos da geração de ouro do futebol português juntamente com Figo, Rui Costa e João Pinto, tendo alinhado pela selecção nacional em 51 partidas. Foi peça nuclear no Euro 96 e alinhou ainda em alguns jogos do Euro 2000. Esteve presente no Mundial 2002 embora sem ser utilizado.
Paulo Sousa saiu recentemente do comando da selecção nacional portuguesa de sub 16 e escreve uma coluna semanal de opinião no jornal A Bola. Nos últimos tempos têm surgido rumores do seu regresso a Itália para seguir a carreira de treinador...
O nº 6 bianconero das épocas de 1994 a 1996 fica na história recente da società como um dos seus melhores centrocampistas e muito provavelmente o executante que praticava um futebol mais rendilhado e preciso não sendo por acaso conhecido como o Geòmetra pela imprensa transalpina.

8 comentários:

Anónimo disse...

Este sim um grande jogador. Foi por ele, e a ve-lo jogar pela juve que a juve começou a ser o clube do meu coração!!!

Aquele ataque de luxo com ravanelli baggio e vialli!!! Ai até doi pensar!!!

Anónimo disse...

Essa referência ao modo do Sousa jogar é bem interessante 'régua, esquadro e compasso' e corroborada pelo adjetivo que a imprensa italiana dá a jogadores como ele. O Volpi, 'meu' capitano, costuma ser chamado de geometra ou também de metronomo do 'centrocampo blucerchiato'.

JP, me esclareça uma dúvida: o Sousa ficou titular porque o Deschamps se contundiu logo que chegou à Juve não foi?

Boa noite!

João Caniço disse...

Foi sem dúvida um excelente jogador Igor, eu também era grande fã dele e com a ida dele para a Juve ainda fiquei mais adepto da 'vecchia signora' que já era desde a final da Taça UEFA em 1993 onde fiquei maravilhado com a exibição daquele fantástico trio atacante que referes :)
Abraços

João Caniço disse...

Sim Cyntia, acho que o Paulo Sousa é o jogador que mais se enquadra nessa definição de 'geómetra', pelo menos os que eu vi jogar, ele era quase perfeito nesse aspecto. Desconhecia que o Volpi também tivesse esse 'apelido', o que é compreensível já que possui um estilo de jogo semelhante ao do Paulo Sousa embora na minha opinião ninguém consiga chegar ao seu nível...
Não me recordo bem desse momento Cyntia, sinceramente não sei se foi por isso que Paulo Sousa 'roubou' o lugar ao Deschamps na 1ª época, embora na 2ª época já os dois alinhassem muitas vezes juntos, Marocchi já estava na fase descendente na carreira e Conte falhava muitos jogos por lesão. Pessoalmento penso que Paulo Sousa era superior ao Deschamps daí ser o óbvio titular em 1994/95 e Lippi deve ter achado o mesmo ;)
Abraços

PNMarinhaiS disse...

O pior adversário que teve na vida foram as lesões e alguns médicos picaretas!!!

Anónimo disse...

Olha, nesse fim de semana, vou escanear a Hurrà com a primeira entrevista com o Paulo Sousa e te mando, ok?

Ciao!

João Caniço disse...

É verdade PNMarinhaiS, estou plenamente de acordo contigo! Uma pena que tal tenha acontecido, senão a carreira de Paulo Sousa ainda teria sido mais brilhante!
Abraços

João Caniço disse...

Muito obrigado Cyntia, fico muito grato por isso :)
Ciao!