quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Craques Bianconeri: Gianpiero Combi

Giampiero Combi é um dos guarda-redes mais proeminentes da história da Juventus e do futebol italiano, sendo considerado um dos melhores antes da 2ª guerra mundial, juntamente com o espanhol Zamora e o checo Planicka. Sagrou-se campeão mundial em 1934 e venceu 5 scudetti com a maglia bianconera. Ficou conhecido como l'Uomo di Gomma (o Homem de Borracha), devido à sua extrema agilidade.

Combi nasceu em Turim a 20 de Dezembro de 1902, passando pelos escalões de formação bianconeri até se estrear na equipa principal a 5 de Fevereiro de 1922, numa derrota por 2-0 frente ao Milan. Daí em diante permaneceu como titular indiscutível da baliza da Juve durante uns incríveis 12 anos e meio, tendo vencido o primeiro scudetto em 1926, sofrendo apenas 18 golos nessa temporada, número simplesmente notável para a época.
No final da temporada 1923-24 esteve prestes a deixar o futebol. Giampiero e o seu irmão Maurizio possuiam uma destilaria de licores que se iria expandir para a América, levando com ela o talentoso guarda-redes, responsável pela área comercial da empresa. Para impedir a partida do seu guardião, a Juventus ofereceu um contrato profissional a Combi e o assunto resolveu-se.
De estatura média, 1m71, era extremamente robusto e possuía uma massa muscular impressionante. Tinha uma garra e uma vontade de jogar simplesmente incríveis que lhe permitiram jogar nas condições mais adversas como o comprovam três costelas rachadas num jogo contra o Modena, vértebras danificadas num desafio contra o Cremonese e por duas ocasiões feridas graves na cabeça, em virtude de saídas temerárias da baliza.
Fez parte da famosa equipa que conquistou o Quinquennio d'Oro, cinco campeonatos consecutivos entre 1931 e 1935, embora Combi tenha ganho apenas quatro, visto que se retirou em 1934.
Formou, na Juventus e na selecção italiana, com Virginio Rosetta e Umberto Caligaris, o trio defensivo mais famoso da história do futebol, que ficou conhecido como o Trio Combi-Rosetta-Caligaris, decisivo para a obtenção dos vários scudetti e do título mundial.

Estreou-se na nazionale a 6 de Abril de 1924 num desafio em Budapeste frente à Hungria que se revelaria desastroso para os azzurri. Estrondosa goleada infligida pela selecção magiar por 7-1, que afastou Combi da selecção cerca de 1 ano. Regressa à baliza azzurra apenas a 22 de Março de 1925, num desafio contra a França disputado em Turim com humilhante derrota gaulesa por 7-0! Durante os 10 anos seguintes rara foi a partida disputada pela nazionale que não teve Combi entre os postes.
Em 1928 esteve presente nos Jogos Olímpicos de Amsterdão conquistando a medalha de bronze frente ao Egipto, vitória dos azzurri por 11-3 no encontro de atribuição do 3º lugar.
Em Novembro de 1931 estreia-se como capitão da nazionale.
No final da temporada 1933/34, Combi está decidido a retirar-se dos relvados, mas adia a decisão alguns meses por expresso pedido do seleccionador nacional, Vittorio Pozzo, admirador confesso das qualidades do guardião da Juventus e convencido da extrema utilidade que a sua experiência conferiam à squadra azzurra.
Depois de um triunfo fácil sobre os EUA nos 1/8 de final por 7-1 seguiu-se a Espanha nos 1/4 de final, liderada pelo igualmente mítico guardião Zamora. O encontro disputado em Florença foi extenuante terminando empatado a uma bola. Na altura não havia prolongamento tendo-se jogado uma partida de desempate no dia seguinte com a Itália a sair vencedora 1-0 graças a um golo do lendário Meazza.
Apenas dois dias depois a Itália disputava a meia final em Milão frente à selecção austríaca, conhecida como Wunderteam, uma das melhores selecções na época. Guaita apontou o golo solitário do encontro, tendo Combi sido o herói azzurro ao efectuar duas defesas miraculosas perto do final da partida.
A 10 de Junho, a grande final em Roma frente à Checoslováquia de Planicka. Até ao intervalo manteve-se o nulo, mas aos 71', contra todas as expectativas, Puc colocou os checos na frente do marcador gelando por completo as bancadas! Orsi empatou a partida perto do final levando a partida para tempo extra onde um golo de Schiavio daria à Itália o seu primeiro título mundial! Combi terminaria a competição com apenas 3 golos sofridos, recebendo das mãos do ditador Benito Mussoilini o troféu Jules Rimet.

Retira-se dos relvados aos 32 anos tendo disputado 367 jogos pela Juventus, sendo ainda hoje o terceiro guarda-redes com maior número de presenças pelos bianconeri, só batido por Dino Zoff e Stefano Tacconi. Pela selecção italiana disputou 47 encontros.

O fim da carreira não lhe retirou a paixão pelo futebol, tendo desempenhado vários cargos na Juventus entre os quais o de colaborador técnico e o de olheiro. Em 1951 assumiu, juntamente com Carlino Beretta e Toni Busini, o comando técnico da selecção italiana durante 8 meses tendo vencido duas partidas e empatado três.

Morre prematuramente em 1956, devido a um enfarte, enquanto colaborava com o recém empossado presidente Umberto Agnelli para melhorar os destinos da Juventus, que passava por uma fase menos positiva. Graças a ele e aos seus valiosos serviços, a equipa irá num curto espaço de tempo regressar aos grandes triunfos.

2 comentários:

Rodolfo Moura disse...

JP,
Simplesmente sensacional - a história e seu texto!
Abraços,

João Caniço disse...

Duplamente obrigado, Rodolfo!
Um forte abraço e boa rodada de 'Calcio' amanhã!