quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Craques Bianconeri: Ciro Ferrara

Inauguro esta rubrica que irá recordar periodicamente um jogador que se tenha destacado aquando da sua passagem pela Juventus. Para a 1ª edição escolhi um jogador emblemático, muito querido por todos os adeptos da Juventus e também do Nápoles, os dois únicos clubes onde alinhou na sua carreira de profissional, esse jogador é Ciro Il Grande Ferrara.
Ferrara nasceu em Nápoles em 1967 e deu os seus primeiros passos como jogador nas camadas jovens do popular clube do sul de Itália. Estreou-se na Série A em Maio de 1985 no mítico San Paolo em Nápoles contra a Juventus, curiosamente. Ferrara era ainda um jovem e o Nápoles lutava por maior protagonismo no Calcio tendo para isso contratado em 1984 Diego Maradona. Durante todos os anos que El Pibe esteve no Nápoles teve em Ferrara um grande companheiro de luta e conquistas e mais que isso um grande amigo, Maradona não se cansa de dizer que Ferrara é o seu melhor amigo italiano, tendo feito questão de estar presente num San Paolo completamente cheio em Maio de 2005, ele que não punha os pés em Nápoles desde 1991... (foto de cima à direita) para o jogo de despedida de Ferrara que opôs antigos companheiros e amigos do defesa dos seus tempos de Nápoles e da Juventus.
Durante os muitos anos que jogou no Nápoles, Ciro sagrou-se por duas vezes campeão italiano (1987 e 1990) os únicos dois campeonatos da história do clube, vencendo ainda uma Taça de Itália em 1987, uma Supertaça de Itália (1990) e uma Taça UEFA em 1989 numa memorável final contra o Estugarda em que um seu golo decisivo após passe de cabeça de Maradona deu o triunfo aos napolitanos.

Após a saída de Maradona em 1991, o Nápoles começa a perder força e no Verão de 1994 acompanhando o na altura promissor treinador Marcello Lippi deixa o seu clube de sempre e assina pela Juventus, de forma a poder lutar por novos títulos algo que a signora também ambicionava devido à seca de conquistas nos últimos anos. O seu ano de estreia como bianconero é um sucesso tanto a nível pessoal afirmando-se como indiscutível no esquema de Lippi, como a nível colectivo conquistando a Juve o tão ambicionado scudetto depois de um jejum de 9 anos e ganhando ainda a Taça de Itália frente ao Parma. Para ter sido brilhante a época faltou apenas a conquista da Taça UEFA que seria perdida na final frente ao mesmo Parma. Nos anos seguintes com Lippi as vitórias sucederam-se a todos os níveis: 2 scudetti (1997 e 1998), 1 Liga dos Campeões (1996) com um golo seu na final contra o Ajax no desempate através das grandes penalidades, 1 Supertaça Europeia (1996) com outro golo seu desta vez frente ao PSG, 1 Supertaça Intercontinental (1996) e 2 Supertaças de Itália (1995 e 1997), continuando ainda e sempre Ciro nas primeiras escolhas do treinador. Em 1999 Lippi parte e Ancelotti assume o comando da Juventus. Ferrara (foto à esquerda em 1999) continua a ser um dos suportes da squadra, mas a equipa não consegue vencer títulos e é sem surpresas que Lippi volta ao clube para novo ciclo com inicio em 2001. Apesar da sua veterania, Ferrara continua na primeira linha de opções de Lippi vencendo mais 2 scudetti (2002 e 2003) e 2 Supertaças de Itália (2002 e 2003) além de ter disputado a sua 4ª final da Liga dos Campeões em 2003 com o Milan tendo sido ingloriamente perdida nas grandes penalidades. A época de 2003/04 fica para a história como o fim do 2º ciclo de Lippi pela Juve, o clube não passa do 3º lugar na Série A e Ferrara começa a acusar a idade já não sendo tantas vezes titular como antes.

Na stagione seguinte chega Capello e o seu amigo Cannavaro é contratado. Ferrara é suplente, mas mesmo assim conquista mais um scudetto (depois retirado devido ao escândalo Calciocaos) e joga as suas últimas 5 partidas pela Juventus, a última das quais o seu jogo número 500 na Série A (foto da esquerda), o que lhe permite ser o décimo jogador de sempre com maior número de presenças na prova. No total Ciro jogou 358 vezes e marcou 20 golos pela Juventus.
Após o abandono da carreira profissional de jogador, Ferrara é convidado para ficar ligado à Juve como responsável por todo o futebol juvenil do clube, cargo que aceita e ainda hoje mantém, tendo o clube durante estes 2 anos da sua liderança voltado aos triunfos nas camadas jovens nomeadamente a squadra Primavera (sub 20) que conquistou o scudetto e a coppa na categoria em 2006. Além disso esteve presente na fase final do Mundial 2006 como elemento da equipa técnica de Marcello Lippi tendo-se sagrado assim também campeão do mundo, título que nunca conseguiu como jogador apesar de ter participado no Mundial em 1990, nos Europeus de 1988 e 2000 e nos Jogos Olímpicos de 1988. Jogou 49 vezes pela nazionale azzurra. A dupla de centrais que formou durante anos com o uruguaio Montero fica na história bianconera como uma das melhores...
Dentro de campo Ferrara sempre se destacou pelo seu enorme fair play e pelo seu estilo de jogo limpo e leal, apesar da sua posição de defesa central por norma ser conotada com os jogadores mais duros. Era bastante forte na marcação, muito bom no jogo aéreo e em caso de necessidade alinhava também como lateral direito. Tinha perfil de líder, facto que lhe valeu depois da saída de Vialli em 1996 a braçadeira de capitão da Juventus nas ausências de Conte e depois nas de Del Piero.
Além da sua actual posição no futebol jovem da Juve, Ferrara é ainda comentador televisivo do Calcio e é um dos rostos da Fundação Cannavaro-Ferrara juntamente com o seu amigo e ex companheiro Fábio Cannavaro, fundação que apoia crianças e jovens necessitados de Nápoles, a terra natal de ambos.

5 comentários:

Anónimo disse...

JP,
Excelente seu resumo sobre Ciro Ferrara! No Napoli jogou com um brasileiro super, Careca.

Destaco a ida de Maradona a Napoles para participar das comemorações da retirada dele do Calcio. Demonstra o bom coração de Diego, apesar de todos os problemas pelos quais passou.

Eu ainda guardo a figurinha do Ferrara da Copa de 90. Dele e de vários outros 'veteranos' já aposentados...

Abraços!

Rodolfo Moura disse...

JP,
Parabéns pela iniciativa - ficou sensacional - seu texto é muito fluente e de excelente leitura, realmente muito prazeroso.
Abraços,

João Caniço disse...

Cyntia e Rodolfo, muito obrigado pelos vossos elogios, é com contribuições como as vossas que me dá muito gozo escrever este blog...

Escolhi o Ferrara para 1º craque bianconeri, porque para além de ter sido um excelente jogador admirava bastante a sua postura dentro de campo, tinha muita classe...

Memorável a sua despedida em Nápoles não foi Cyntia? A presença do Maradona abrilhantou ainda mais a enorme e merecida festa!

Itália na Copa de 90 tinha um leque enorme de grandes jogadores, foi pena não terem conseguido vencer...

Abraços

Rodolfo Moura disse...

JP,
A Copa de 90 foi a primeira que assisti como grande aficcionado de futebol e a Itália tinha, realmente, um time muito bom, principalmente no aspecto defensivo.
Abraços,

João Caniço disse...

É verdade Rodolfo, quem tinha no seu elenco Zenga, Baresi, Bergomi, Vierchowood, Maldini e Ferrara, era de facto uma grande 'squadra' no aspecto defensivo. Mesmo no meio campo e ataque também penso que tinham uma equipa muito boa...
Abraços