quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Craques Bianconeri: Andrea Fortunato

Andrea Fortunato foi um dos mais promissores jogadores italianos no inicio da década de 90 tendo chegado à Juventus no Verão de 1993. Andrea nasceu em Salerno, região de Campania a 26 de Julho de 1971. Estreou-se como profissional em Outubro de 1989 pelo Como num jogo em Peruggia referente à Série B com apenas 18 anos. Fez uma boa época em termos individuais tendo alinhado em 16 partidas, em termos colectivos as coisas correram mal ao Como que foi despromovido para a Série C1. Manteve-se mais uma temporada no Como onde se começa a destacar pela sua enorme qualidade no lugar de lateral esquerdo, alinhou em 27 partidas, tendo despertado o interesse na sua contratação de várias equipas da Série A. O Génova ganharia a corrida e no Verão de 1991, Andrea assina pelo histórico clube transalpino. Tinha apenas 20 anos e os responsáveis do clube rossoblù entenderam cedê-lo por empréstimo a uma equipa da Série B de modo a poder continuar a sua evolução. Sendo assim foi cedido ao Pisa onde voltaria a fazer mais uma época de bom nível alinhando em 25 jogos. A temporada de 1992/93 foi a da sua completa afirmação no Calcio, regressou a Génova e fez uma época fantástica tendo alinhado em 33 partidas e apontado 3 golos, um dos quais na última jornada absolutamente decisivo para a permanência da equipa na Série A. Foi juntamente com Panucci a grande figura da equipa rossoblù e no final da temporada ambos saíram, Panucci para o Milan e Fortunato para a Juventus. Estava consumada uma ascensão meteórica, em apenas 2 anos Andrea passara do modesto Como para a poderosa Juventus. Trapattoni foi o seu treinador na época 1993/94 e apostou nele como titular durante praticamente toda a temporada tendo alinhado em 27 partidas da Série A onde apontou 1 golo, mais 1 jogo da Taça de Itália e 7 partidas na Taça UEFA. Com o decorrer da temporada por entre os tiffosi bianconeri instalou-se a convicção que estava encontrado o sucessor de Cabrini, defesa esquerdo que passou pela Juve nos anos 80 com enorme sucesso. E assim parecia ser, Andrea tinha-se imposto como titular na Juve, destacava-se pela sua velocidade e boa qualidade técnica tendo-se estreado na nazionale pela mão de Sacchi em Setembro de 1993 num jogo contra a Estónia em Tallin. Mas, infelizmente a vida tem imponderáveis e em Maio de 1994 é-lhe diagnosticada uma leucemia linfóide aguda. É internado no hospital de Peruggia, a terapia intensiva de quimioterapia não resulta e aos médicos resta tentar a hipótese de doação de medula óssea. A irmã Paola faz a doação da sua medula óssea, mas o resultado é negativo, seria depois com a segunda doação de medula óssea, desta vez efectuada pelo seu pai Giuseppe, que Andrea melhora. Sai do hospital e regressa lentamente aos treinos, em Fevereiro de 1995 é convocado para o jogo da Juve em Génova frente à Samp, mas não chega a entrar em campo. Quando todos começavam a pensar que a batalha de Andrea contra a doença estava ganha o seu sistema imunitário começa a ceder devido à enorme intensidade de tratamentos a que esteve sujeito. Regressa ao hospital de Peruggia onde viria a falecer devido a insuficiência respiratória provocada por uma grave infecção pulmonar no dia 25 de Abril de 1995, ainda não tinha completado 24 anos...
Passados poucos dias da sua morte a Juventus vence o seu scudetto número 23, sendo esta curiosamente a sua idade, o título é-lhe inteiramente dedicado por companheiros, direcção e adeptos. Apesar de não ter jogado nenhuma partida pela Juventus nessa temporada de 1994/95 é declarado campeão a título póstumo.
Poucos dias antes do trágico final, Andrea Fortunato daria a sua última entrevista onde disse a frase que ficaria célebre: "Non immaginavo quanto puo'essere meravigliosa una semplice passegiata."

11 comentários:

Anónimo disse...

História muito bonita de ascensão de um craque promissor e depois triste pelo fim que ele teve. Sabe que eu comecei a comprar a Hurrà Juventus bem nessa época. Inclusive, eu ainda guardo a revista em que a morte dele é contada aos tocedores. Já se vão lá 12 anos desde que ele faleceu. Caramba, como o tempo passa rápido...

João Caniço disse...

Melhor frase para sintetizar a história de Andrea seria difícil Cyntia, concordo plenamente...
Eu tenho uma vaga ideia de o ver jogar na Juve, foi na altura que eu comecei a ser torcedor acérrimo da 'vecchia signora', e lembro-me ainda de ver uma reportagem sobre o seu funeral onde retive particularmente as palavras emocionadas de Vialli, capitão de equipa na época...
É verdade, 12 anos passaram a voar...
Abraço e boa noite Cyntia :)

Anónimo disse...

Só fiquei sabendo de tudo pela revista e posteriormente pelos diversos relatos de jogadores que jogaram com ele. Via o 'Calcio' em um canal cujo o serviço era por demais precário, a não ser pela presença de um certo Sílvio Lancellotti, que é aqui no Brasil o jornalista mais entendido do assunto.
Nunca cheguei a vê-lo em campo. Uma pena. Houve um período grande em que deixei de acompanhar o calcio por causa da escola. Tinha que estudar muito para o tal 'vestibular' daqui (exame para entrar na faculdade). Foram 3 anos de total ausência de calcio e que coincidem, eu acho, com o período dele entre esses clubes e a Juve.

Ciao!

João Caniço disse...

Cyntia, eu comecei a acompanhar assiduamente o Calcio na época 1993/94, exactamente a época em que Fortunato chegou à Juve e recordo-me que tinha um bom pé esquerdo, era muito veloz, tinha um grande potencial... No ano seguinte com a chegada de muitos jogadores portugueses a Itália, entre os quais Paulo Sousa à Juve, foi dado algum destaque ao drama de Andrea, nomeadamente pela 'Bola' e pela RTP.
Pois é, vocês chamam esse exame de 'vestibular', sempre achei esse nome engraçado ;) Por aqui, chama-se simplesmente exame de acesso ao ensino superior ou à universidade.
Abraços

Anónimo disse...

De fato. Além de Sousa, nessa época, quem mais foi para a Itália? Realmente ficou uma lacuna para mim. Por isso, nem o fato da Sampdoria ter disputado uma final de Champions era do meu conhecimento. Para você ver. A UEFA que a Juve venceu por essa época também. Só fiquei sabendo disso bem depois, ao ler a Hurrà e de ver os programas de TV da ESPN.

Mudando o assunto rapidamente. Vocês então fazem prova para entrar na faculdade aí também? 'Vestibular', nem sei o porquê desse nome. Acho que não tem nada a ver com o que ele é de fato, um exame.

1 abraço

João Caniço disse...

Salvo erro em 1994/95 além de Paulo Sousa foram também para Itália:
Rui Costa para a Fiorentina,
Fernando Couto para o Parma,
Cadete para o Bréscia e
Rui Águas para o Reggiana onde já se encontrava o melhor jogador português da altura, Futre.
Eram 6 'tugas' nessa altura no Calcio, actualmente são 5: Tiago e Jorge Andrade na Juve, Vidigal no Livorno, Antunes na Roma e Couto no Parma...
Estou a ver que o inicio da década de 90 em termos futebolísticos para ti apresenta grandes lacunas... Foi graças a essa final da Taça UEFA que a Juve venceu que eu fiquei fã bianconero! Na altura ainda era jogada em 2 mãos e a Juve venceu 3-1 em Dortmund e 3-1 em Turim! Roby Baggio, Moller, Dino Baggio, Conte, Vialli, era uma excelente equipa! A final perdida pela Samp lembro-me do estrondoso golo do Koeman, o Pagliuca nem teve tempo de se mexer... foi pena, estava a torcer para que vencessem o poderoso e favorito Barça...
É verdade, para completarmos o 12º ano temos que realizar exames nacionais a todas as disciplinas a que estamos matriculados. Se bem me lembro tive que fazer alguns, Matemática, Biologia, Química, Psicologia, Português... Depois para entrar na universidade é somada a tua média de todo o ensino secundário (10º, 11º e 12º ano) mais a nota dos exames das disciplinas que contam para ingresso num determinado curso, no meu caso como foi Engª Civil era pedido Matemática e Química...
Realmente esse termo 'vestibular' é engraçado, eu até pensava que tinha algo a ver com os examas, mas pelo que contas já vi que não... ;)
Abraços

João Caniço disse...

PS: São 9! Maniche assinou hoje pelo Inter e esqueci-me do Figo, como é que é possível ter-me esquecido do Figo!!!! :/ e do Pelé também... e do Costinha que acho que ainda não jogou na Atalanta...

Rodolfo Moura disse...

JP,
Apenas uma correção - o Costinha já jogou - 1 jogo é verdade - pela Atalanta na Serie A.
Mas a minha participação aqui é para parabenizá-lo pelo 'post' sobre o Fortunato, um craque, com o perdão do trocadilho, muito pouco 'fortunato'.
Tive a oportunidade de acompanhá-lo no Como e depois, de mais perto, no Genoa, antes de chegar à Juve.
Tinha tudo para rivalizar, dentro do possível, com Maldini na 'Azzurra'.
Abraços,

Anónimo disse...

Xiii, O Maniche assinou mesmo? Ai, ai, ai...

Ah, claro, desses que você menciona, me lembro do Rui Costa, Couto (o zagueiro sangüinário do Parma, o Figo (grande Figo!) e o Futre, que já comentamos antes. Mais para frente teve o Nuno Gomes na Fiore também, né?

Ah, obrigada pela explicação sobre a entrada na Universidade. Hoje, algumas aqui no Brasil levam em conta o desempenho dos alunos no secundário. Mas sabe como é, isso muda com uma certa freqüência.

Ciao!

João Caniço disse...

Bem haja pelo reparo Rodolfo, pensava que o Costinha ainda não se tinha estreado no 'Calcio', pena ele ter ido para Itália no ocaso da carreira...
Os meus sinceros agradecimentos, fico muito contente que tenhas gostado do post, pensei em fazer uma justa homenagem e recordar um jovem que tinha tudo para ser um jogador fantástico e tal como referes poder vir a ser um jogador muito importante na 'azzurra'.
Abraços

João Caniço disse...

É verdade Cyntia, Maniche já é jogador do Inter...
Sim, Nuno Gomes depois de ter feito um Euro 2000 brilhante foi contratado pela 'Fiore' onde jogou durante 2 épocas. Pena ter apanhado os 'viola' em crise financeira e desportiva não conseguindo assim impor-se no 'Calcio' como eu e muitos vaticinavam...
De nada, foi com muito gosto que te expliquei assim por alto como funciona por cá, só me esqueci de referir que a maioria das universidades públicas atribui um peso normalmente de 50% às notas dos exames e outros 50% à média do secundário, podendo esse peso variar conforme a universidade e o curso... Sim, raro é o ano em que não mudam as regras académicas, por cá acontece o mesmo...
Ciao :)