terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Humilhante...

A Juventus acaba de viver uma das noites europeias mais negras da sua história ao ser goleada em casa pelo Bayern de Munique por quatro bolas a uma, sendo assim afastada da Liga dos Campeões de forma perfeitamente humilhante.
Os bianconeri até estiveram em vantagem no marcador, mantiveram o desafio equilibrado até cerca dos 25 minutos, altura em que os bávaros começaram a imprimir um ritmo avassalador, não tardando a dizimar por completo uma vecchia signora bastante frágil fisicamente e na abordagem às bolas aéreas defensivas.

Privado de duas peças fundamentais como são Chiellini e Sissoko, Ferrara não inventou, colocando em campo as opções mais lógicas, ou seja, Legrottaglie e Camoranesi. A única alteração não forçada relativamente à partida com o Inter deu-se com a entrada de Trezeguet em detrimento de Amauri.
Van Gaal optou por deixar Robben no banco de suplentes, lançando um 4*4*2 clássico com Schweinsteiger na zona central da intermediária, e Müller e Pranjic sobre as faixas. Na frente, o veloz Olic e o possante Gómez.

A partida principiou com excelente ritmo, toada de parada e resposta comprovando o epíteto de final antecipada que o confronto despertou.
Primeira oportunidade para o Bayern aos 11'. Livre de Schweinsteiger com Buffon a afastar a punhos para fora da área. Segunda vaga bávara, cruzamento de Van Bommel, para Olic cabecear ao poste! Muito bom o movimento do avançado croata, a ganhar posição entre Cáceres e Felipe Melo e a finalizar com toda a intencionalidade, sorte para a Juventus!
O Bayern detinha agora mais posse de bola, mas a Juve conseguia efectuar uma zona de pressão bastante alta, obrigando os defesas germânicos a efectuarem lançamentos compridos ou a cometerem erros. E foi exactamente num desses erros que os bianconeri se adiantaram no marcador! Demichelis tenta sair com a bola controlada da sua linha defensiva, mas é parado por Diego, sobrando a bola para Marchisio, que não perdeu tempo e assistiu de forma magistral Trezeguet. O bomber franco-argentino agradeceu o passe e disparou de primeira, apontando um belo golo! Excelente visão de jogo de Marchisio e melhor ainda a conclusão de Trezegol! A Juve adiantava-se e os oitavos-de-final pareciam bem mais próximos...
Feridos no orgulho, os bávaros deixaram então de lado todas as preocupações tácticas e aceleraram ainda mais o ritmo de jogo. A Juve dava mostras de menor fulgor físico (que falta fizeram Chiellini e Sissoko...) e com tudo isso o Bayern começou a carregar de forma avassaladora sobre o último reduto bianconero. A partir dos 25' a pressão passou a ser tão asfixiante que a vecchia signora já mal conseguia sair sequer do seu próprio meio-campo! Adivinhava-se o golo para os germânicos e este não tardou... Legrottaglie é desarmado ainda bem antes da sua linha de meio-campo por Van Bommel. A bola sobra para Pranjic, que lança Olic nas costas de Cáceres. O dianteiro protege a bola de forma exímia, em jeito de convite ao uruguaio para tentar o corte. O jovem defesa não teve tarimba e a calma necessárias para situações do género e tentou mesmo o desarme, acabando por provocar contacto físico, com o árbitro a assinalar com toda a naturalidade a respectiva grande penalidade. O guardião Butt é especialista na cobrança de castigos máximos e não deu a mínima hipótese a Buffon, empatando o encontro.
A obtenção do golo animou ainda mais os bávaros que, cientes da sua superioridade, continuaram em busca da qualificação, perante uma Juve amorfa, apática, sem chama nem garra. Os espaços dados no corredor central a Schweinsteiger eram perfeitamente ridículos - sabendo-se da qualidade e potência do alemão nos remates de longa distância - e este não se fez rogado, ficando bastante perto do golo aos 31' e 41'.

No recomeço surge Poulsen no lugar de Del Piero. A ideia de Ferrara era compreensível, tentar equilibrar as operações a meio-campo, mas a verdade é que não alterou em nada o cariz do jogo.
Aos 51', Diego demora uma eternidade a livrar-se da bola nas imediações da sua grande área, é naturalmente desarmado, com Pranjic a rematar de sinistro, valendo o desvio em Cannavaro. Na sequência do lance, pontapé de canto com Buffon a afastar a bola a punhos, o Bayern carrega, Van Bommel cruza, Felipe Melo falha o corte e Van Buyten cabeceia para golo! Buffon consegue a muito custo defender, mas nada pode fazer na recarga de Olic! 2-1 para o Bayern, a Juve estava fora da Champions!
Faltava ainda bastante tempo de jogo, mas ficou no ar a ideia que esta Juventus seria completamente incapaz de dar a volta à situação, tal era a falta de qualidade do seu jogo. Para se ter uma pequena ideia da insipiência atacante bianconera, a única vez que esteve perto da igualdade foi aos 66' numa insistência de Cáceres pelo corredor direito, a ganhar a linha de fundo e a cruzar atrasado para Trezeguet desviar, mas a bola saiu rente ao travessão da baliza de Butt! Pouco, muito pouco para quem ambicionava continuar entre os gigantes europeus...
Amauri e Giovinco, as únicas alternativas atacantes à disposição de Ferrara no banco de suplentes, foram ainda lançadas no jogo, mas nada fazia alterar o rumo do desafio. Simplesmente confrangedor o deserto de ideias que varreu a equipa bianconera na noite de hoje. Os ânimos estavam exaltados entre os adeptos juventini - Diego e Felipe Melo não foram poupados no momento em que foram substituídos - e piorar ainda ficaram quando o Bayern chegou ao 3-1, aproveitando novamente uma falha da Juve num lance de bola parada aérea. Pontapé de canto de Badstuber ao primeiro poste para o cabeceamento de Van Buyten, a bola desvia em Legrottaglie e encaminha-se para a baliza. Buffon, quase miraculosamente, ainda impede o esférico de entrar, mas Gómez na recarga marca mesmo e confirma o Bayern na segunda fase da Champions!
Os minutos finais foram verdadeiramente penosos para os adeptos bianconeri. Muitos aproveitaram para sair antes do apito final e já não viram in loco o quarto golo dos bávaros, apontado pelo ucraniano Tymoshchuk, num bom remate de meia distância, a aproveitar as tremendas facilidades consentidas pela defesa juventina.

Não creio que a responsabilidade deste tremendo revés passe apenas pela incapacidade de Ferrara em idealizar e manter um esquema táctico consentâneo com as características dos seus jogadores. A intermitência exibicional da equipa tem sido uma constante assim como o fraco rendimento das contratações do último Verão (Diego, Felipe Melo e Grosso) tem sido continuamente e cada vez mais colocado em causa, em especial a dos brasileiros, bastantes dispendiosas para os cofres bianconeri. O retorno até ao momento de tamanho investimento tem sido mínimo.
Outro factor merecedor de ampla reflexão é o anormal número de lesões sofridas pelos jogadores da vecchia signora, em especial mazelas musculares. Agora, foram Chiellini e Sissoko a ficar fora de combate, provavelmente os dois jogadores mais preponderantes e fundamentais na actual Juventus. Assim, não há equipa que resista...
E agora? O que fazer para sarar rapidamente as feridas de uma derrota e consequente eliminação humilhantes? Até final do ano civil estão aí dois encontros tremendamente importantes, frente a equipas que, em condições normais, seriam consideradas acessíveis, Bari e Catania. São absolutamente imperiosas duas vitórias de forma a manter viva a esperança de continuar na luta pelo scudetto. A crise bianconera segue dentro de momentos...

Eis o vídeo com os golos do desafio:

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