A pior Juventus do século XXI

Fim da linha para Ferrara! Como não se pode despedir um plantel (quase) completo, o treinador tem de ser o sacrificado. A aposta no Guardiola bianconero não deu resultado, a Juventus é uma caricatura de equipa, em bom português não joga rigorosamente nada!

Não existe dinâmica colectiva, não há mecanismos de jogo consolidados, o ataque é inoperante, a defesa é permeável e comete erros infantis, o esquema táctico muda constantemente, não favorecendo a criação de rotinas, enfim, um rol de equívocos e aspectos negativos que não abonam em nada a situação do treinador napolitano.

É certo que Ferrara está longe de ser o único culpado, longe disso. As apostas no último Verão saíram completamente furadas. Diego é uma sombra do jogador que enchia o campo em Bremen, Grosso está a anos-luz do lateral que se evidenciou na azzurra, Cannavaro já não tem pernas e Felipe Melo é uma completa nulidade!

O trinco brasileiro é culpado no primeiro golo rossonero ao falhar de forma quase inacreditável um corte ao primeiro poste na sequência de um pontapé de canto. Arrisco a escrever que muitos infantis cortariam sem grandes problemas aquela bola! A maneira displicente como Felipe Melo atacou o lance, para além da sobranceria como encarou o jogo, sem qualquer rigor, recuando a passo após perder inúmeros lances provam que não tem envergadura para vestir a camisola da Juventus! Comigo não teria mais hipóteses, era imediatamente colocado no mercado! Pode-se perder muito dinheiro, mas vale muito mais jogar com um primavera... Aliás, deu perfeitamente para ver que, após a saída forçada de Poulsen, o meio-campo bianconero afundou-se completamente. O médio dinamarquês foi o único, juntamente com Chiellini, que rubricou actuação positiva e estava a ser uma verdadeira âncora na intermediária juventina que, entregue a Felipe Melo, virou o caos.

Tal como se previa, Ferrara colocou Grygera, Cannavaro e Amauri nos lugares de Cáceres (castigado), Legrottaglie (opção) e Trezeguet (lesionado). Diego manteve-se entre linhas, no apoio ao homem mais avançado, enquanto Del Piero permanecia no banco de suplentes.

Com problemas nas laterais, Leonardo apostou em Abate a Antonini. Sem Pato, lançou Beckham na direita que, juntamente com Ronaldinho pela esquerda, apoiavam o ponta de lança Borriello.

A Juve até entrou bem na partida, com espírito guerreiro, dominando o primeiro quarto de hora. Diego esteve em destaque e criou a primeira chance de golo aos 13', num remate em arco, que não passou muito longe da baliza de Dida. Rapidamente o entusiasmo inicial bianconero se desfez e o Milan, com grande personalidade, apoiado na grande experiência da maioria dos seus jogadores, equilibrou e não tardou a controlar o jogo a seu belo prazer. Gattuso e Ambrosini faziam o trabalho sujo a meio-campo, libertando o talento de Pirlo no capítulo do passe.

Sem grande surpresa, os rossoneri adiantaram-se no marcador perto da meia-hora por intermédio de Nesta, aproveitando da melhor maneira um erro monumental de Felipe Melo.

O futebol bianconero é impreciso e atabalhoado, apenas conseguindo acercar-se junto da baliza contrária na sequência de bolas paradas. É desta forma que Chiellini (!) é, de longe, o juventino mais perigoso do encontro, ao surgir bem em zona de finalização por três ocasiões (39', 46' e 52'), sem nunca conseguir desfeitear Dida.

Os tifosi pediam insistentemente Del Piero e Ferrara fez-lhes a vontade aos 60', retirando Salihamidzic e fazendo derivar Diego para a direita. A ideia era boa, mas se o brasileiro já vinha a realizar exibição discreta, tornou-se completamente apagada, facto não alheio à saída forçada de Poulsen pouco depois, aos 63', na sequência de um choque com Gattuso. O meio-campo bianconero deu literalmente o berro, estendendo a passadeira vermelha ao Milan, que jogou como quis durante a última meia-hora.

A classe de Ronaldinho mantém-se intacta e com tantas facilidades concedidas pela defensiva da Juve, não surpreenderam os dois golos obtidos pelo brasileiro, a corresponder aos serviços de Pirlo e Beckham.

O descontentamento entre os adeptos da vecchia signora era visível. Muitos saíram antes do final, outros optaram por queimar bandeiras e cachecóis... Nem Del Piero conseguiu animar um pouco as hostes, já que num pontapé livre para lá dos descontos, permitiu a defesa apertada de Dida para canto.

O tempo urge e são necessárias mudanças de imediato. Hiddink é com toda a certeza uma óptima opção para o cargo de treinador. São necessários também dois ou três reforços para posições deficitárias. A estrutura directiva bianconera tem que agir rápido senão esta temporada arrisca-se a ser uma das piores de toda a história da Juventus!

A seguir o vídeo com uma das piores exibições que me lembro de assistir à vecchia signora: