Ponto de inflexão?

A Juventus está na meia-final da Taça de Itália após vencer o Nápoles no desempate por pontapés da marca de grande penalidade. Com ambas as equipas a passarem por uma fase menos positiva na temporada não se assistiu a uma grande partida em termos de futebol jogado, valeu pela disponibilidade física dos jogadores em darem tudo o que tinham para vencer a contenda.

Com Chiellini e Zanetti lesionados, assinalaram-se os regressos de Grygera e Poulsen à titularidade. Também Manninger estava de regresso em virtude do estado febril de Buffon. Finalmente, por opção, De Ceglie, Giovinco e Iaquinta alinharam de início em detrimento de Molinaro, Nedved e Amauri totalizando um total de 6 alterações no onze inicial em relação à derrota frente ao Cagliari.
O Nápoles surgiu no seu já tradicional 3*5*2 com dupla sul-americana na frente: o promissor Lavezzi e o ex bianconero Zalayeta.

A partida inicia-se a um ritmo lento, com ambas as equipas a não assumirem declaradamente o risco, preferindo apostar num estilo de jogo mais táctico onde imperava a componente física.
Com o passar dos minutos a Juventus tendeu a dominar territorialmente o encontro beneficiando do bom entendimento patenteado na ala direita entre Grygera e Marchionni, embora sem grandes efeitos práticos. De Ceglie, na esquerda, não tinha grande tempo para aproveitar a oportunidade concedida por Ranieri, visto que por volta dos 20', ao cortar de forma corajosa um lance de contra-ataque napolitano, embate violentamente contra Gargano, sendo obrigado a sair queixando-se de fortes dores na zona lombar. A opção mais natural a lançar era Molinaro e foi isso que Ranieri fez de imediato.
Apesar de ambas as equipas chegarem bastantes vezes até à área adversária não se verificaram mais que uns ligeiros ameaços de perigo, numa primeira parte pouco emocionante e com as oportunidades de golo a serem verdadeiramente nulas.

O Nápoles entrou bem melhor no segundo tempo com Lavezzi em plano de grande destaque na sequência de dois lances de conta-ataque conduzidos pela meia-esquerda. No primeiro o jovem argentino consegue driblar em progressão quatro (!) adversários e já na grande área dispara valendo o facto de a bola ter embatido em Legrottaglie! Que grande arrancada de Lavezzi! Logo a seguir o mesmo Lavezzi é lançado em profundidade, Legrottaglie não arrisca ir à queima, obrigando o argentino a flectir para a esquerda, que remata cruzado para defesa segura de Manninger.
A Juve reagia através de Poulsen que ficou a centímetros do golo na sequência de um livre na direita cobrado por Del Piero. À passagem da hora de jogo o apagado Iaquinta cedo o seu lugar ao regressado Trezeguet, mas é o Nápoles que volta a estar perto do golo quando Lavezzi lança Gargano que se isola, demorando uma eternidade para efectuar o remate permitindo o desarme em última instância de Mellberg. Lavezzi assumia-se como o melhor em campo e pouco depois após um pontapé de canto rematava pertíssimo do poste direito da baliza de Manninger.
Os minutos finais do tempo regulamentar só davam Nápoles perante uma Juve completamente amorfa e à mercê do domínio napolitano. Foi assim que Zalayeta desperdiçou duas enormes chances de decidir a eliminatória, a primeira quando se isola pela esquerda e remata à malha lateral e a segunda na sequência de uma óptima jogada dos partenopei pela direita com Hamsik a lançar Lavezzi e este a cruzar rasteiro com a bola a percorrer a linha da pequena área com Zalayeta ligeiramente adiantado em relação ao lance!
A Juve acabava o encontro asfixiada por uma pressão sufocante da equipa adversária, mas numa das poucas vezes que se conseguiu libertar esteve perto do triunfo quando Trezeguet marcou após assistência de Del Piero. No entanto o lance seria injustamente anulado por pretensa posição irregular do bomber francês.

O último lance do período regulamentar deve ter animado a Juve já que surgiu transifugurada para melhor no início do prolongamento. Trezeguet esteve novamente pertíssimo de marcar ao desviar na pequena área um centro de Marchionni, mas permitindo a defesa a Navarro. Pouco depois Del Piero marca num remate de fora da área, mas o lance é invalidado devido a um ressalto na mão do capitão bianconero, muitas dúvidas nesta análise por parte do árbitro, o lance parece-me perfeitamente casual...
Na segunda parte do tempo extra destaque para uma excelente defesa de Manninger após desvio ao primeiro poste de Pazienza e um remate fortíssimo de Nedved a proporcionar óptima intervenção a Navarro, defendendo a bola para a frente surgindo Del Piero na recarga, valendo a intercepção de Cannavaro, impedindo desta forma o golo juventino!
O Nápoles ainda reenvidicou uma grande penalidade por mão de Molinaro, mas vê-se perfeitamente que o centro de Lavezzi é efectuado à queima, pertíssimo portanto do lateral bianconero, que não tem hipóteses de esconder o braço...
A última chance coube a Del Piero que tentou decidir a eliminatória num pontapé livre de muito longe levando a bola a sair forte e em arco, passando bastante perto do travessão da baliza de Navarro.

Del Piero transformou de maneira exímia a sua grande penalidade à qual se seguiram de idêntica forma Hamsik, Trezeguet e Bogliacino. Nedved permite a defesa de Navarro no 5º pontapé vendo a seguir Denis concretizar em potência e lançar o Nápoles para a frente do marcador.
A responsabilidade estava agora nos pés de Marchionni, que tremeu ligeiramente, a bola ainda foi tocada por Navarro, mas acabou por entrar nas redes partenopei... Lavezzi que tão bem tinha estado nos 120' permite a defesa a Manninger e o desempate encontra-se agora empatado a 3! Última rodada que se inicia com Sissoko a rematar fortíssimo ao travessão! Juve perto da eliminação, tudo se decidia com o penalty de Contini. Felizmente para a Juve o defesa esquerdino atira para fora levando o desempate para nova série!
É Legrottaglie que assume a responsabilidade e não desperdiça o ensejo! Pressão agora para Gargano que não faz melhor que Contini e entrega o triunfo na partida e a passagem na eliminatória à Juventus!

O objectivo foi conseguido, espera-se agora que este desafio tenha sido um ponto de inflexão nos resultados e exibições da Juventus. A equipa voltou a demonstrar uma assinalável capacidade física e organização defensiva, embora em termos de criatividade esteja ainda em niveís bastante baixos assim como em poder de finalização... Na meia-final o adversário será a Lazio de Roma, mas para já a grande preocupação é a viagem a Catania no próximo domingo onde se joga de forma decisiva a manutenção da corrida pelo scudetto...

A seguir os highlights da partida: